Publicado em: 30/11/2022 11:13:04
Amazônia em retomada: o que faremos hoje para decolonizar o amanhã?
O sopro de nossa vida vale muito mais! (KOPENAWA, 2015)
A maior floresta equatorial do mundo está desaparecendo mais e mais a cada dia, transformando-se na fumaça que se expande aos céus. A iminência do colapso ambiental significa também um aumento da invisibilização dos sujeitos em contextos urbanos, ribeirinhos, rurais, quilombolas, tradicionais e dos povos originários. Acreditamos que isso seja a queda do céu que o xamã e líder político Davi Kopenawa se refere em seus escritos. Em busca de um progresso e desenvolvimento desenfreado, o “homem branco” ameaça constantemente os seres vivos e não vivos da floresta, com suas epidemias, violências e massacre epistêmicos resultados da colonização e continuados pela colonialidade, que colocam o Ocidente como a única perspectiva possível.
Na tentativa de reficcionar os mundos, algumas medidas vêm sendo tomadas em muitas esferas. No cenário acadêmico aconteceu o I Encontro Regional da ANPAP NORTE, junto ao IX Fórum Bienal de Pesquisa em Arte e a Jornada Arte Educação do Prof-Artes, em Belém no ano de 2019. O ciclo é retomado agora com o II Encontro Regional da ANPAP NORTE, elaborado por pesquisadores e educadores conectados às universidades federais da Região Norte e sediado, mesmo que remotamente, no estado de Rondônia. Passamos a ponderar o que faremos hoje para descolonizar o amanhã e de que modo, nossas pesquisas, obras de arte, processos curatoriais/museológicos e processos de ensino/aprendizagem podem se tornar ferramentas críticas e poderosas nesse processo de retomada cultural e identitária, ecoando conhecimentos, saberes cosmológicos e conquistas sócio-políticas-culturais.
Nesse sentido, acolhemos discussões sobre as visualidades amazônicas, sobre os aspectos artísticos e estéticos, que promovem a relação entre poética e múltiplas potencialidades impulsionadas no pensar/fazer/saber amazônico e narrativas acionadas nos atos de observar, registrar, descrever, criar, imaginar e compartilhar, permeadas por sentidos e sensibilidades, para tratarmos acerca de como vemos, esperamos pensar e sentir a Amazônia. Ou seja, apresentar e discutir a partir da produção de materiais sensíveis diversos, seja ele artístico, estético ou simbólico de modo colaborativo entre interlocutoras/es e o meio acadêmico.
Espera-se observar e refletir sobre as ações ordinárias e suas estéticas portáteis que contornam a vida, a sociabilidade e o imaginários dos povos da Amazônia. A ideia é confrontar sentimentos a uma patrimonialização e representação forjada da Amazônia como herança colonial, escravocrata e violenta que infelizmente ainda se faz sentir nos mais diversos tipos de patrimônios: coleções, sítios arqueológicos, centros históricos, museus e monumentos. Nesse sentido, indagamos: Quais as ações estéticas, artísticas e educacionais, desenvolvidas pelas pessoas que vivem na Amazônia em lutas por reconhecimento, visibilidade e justiça? Como se expressam as suas formas de contestações, emoções e reivindicações?
Assim, nos dias 05 e 06 de dezembro de 2022, de forma remota, traremos pesquisas com educadores, professores e artistas regionais de forma a potencializar falas locais e trabalhos que muitas vezes são marginalizados em função dessa operação centralizada e hegemônica da arte. Contaremos com 5 mesas para dialogar com diferentes perspectivas de trazer o tema proposto:
1 - Perspectivas institucionais: é possível decolonizar o museu?
2 - Pistas para a formação docente nas Artes Visuais.
3 - Transculturalidades poéticas no saber artístico amazônico.
4 - Outras histórias, narrativas e epistemologias possíveis
5 - Circuitos de arte na Amazônia: produção, difusão e acesso.
Lançamos aqui um convite: que a presença de todas, todos e todes neste encontro possa se tornar um local de confluências entre corpos, diversidades e saberes, e que possamos reverberar o Bem Viver como uma inspiração que nos permita sonhar com um futuro melhor na Amazônia, cheio de histórias para compartilhar e humanidades que reverenciem suas ancestralidades e memórias.
INSCREVA-SE AQUI: https://sigaa.unir.br/sigaa/link/public/extensao/visualizacaoAcaoExtensao/1274
Fonte: DArtes