Publicado em: 31/05/2022 08:42:50
um podcast produzido na busca por compreender a atual conjuntura das Artes Visuais em Porto Velho.
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=4MDtF4nesHI
Os temas selecionados são problematizações experienciadas pelas bolsistas e integrantes do PIBEC frente às Artes Visuais na capital Rondoniense, um meio de colonização ou uma desconstrução do discurso?
Para encaminhar cada um dos episódios, contamos com a participação de dois convidados e um mediador que integra o grupo de pesquisa e extensão no debate.
Neste segundo Episódio, Produção Cultural, contamos com as participações de:
MARCELA BONFIM - Formada em economia pela PUC-SP, a militante pela causa das populações negras e povos tradicionais era outra Marcela até os 25 anos. Ela se considerava uma negra embranquecida, acreditava no discurso da meritocracia; e vestia por cima da pele alguns disfarces para ser aceita. Acreditou em um mundo possível, com portas abertas e livre circulação, sem nenhum impedimento. Mas ela se enganou e foi durante a busca pelo primeiro emprego que o mundo dela ruiu e os disfarces não funcionavam mais, a cor da sua pele agora estava amostra. Já em Rondônia, para enfrentar sua negritude, Marcela Bonfim comprou um câmera fotográfica, em 2012, e começou a fotografar homens, mulheres, crianças, jovens e velhos negros e negras na Amazônia em comunidades quilombolas, rituais de terreiros de candomblé, festejos religiosos, penitenciárias. O registro também buscou retratar o negro em seu emprego, na grande maioria exercido em atividades domésticas. As lentes também captaram a resistência pela preservação da cultura e costumes e a beleza da estética negra. A fotografia foi um resgate da própria identidade de Marcela enquanto mulher negra e foi na Amazônia que ela "enfrentou" a cor de sua pele. Em seu trabalho ela aborda a questão: quanto tempo demora, o negro, para se firmar nesse mundo (in)visível?
BETÂNIA AVELAR - mulher afroameríndia, cinéfila, ambientalista, curadora nas áreas de audiovisual e artes visuais. Formada em Comunicação Social pela UNIRON e Ciências Sociais pela UNIR. Atualmente é mestranda em Antropologia pela Universidade Federal da Paraíba e pesquisa Identidade Cultural Beradera.
Sob mediação de:
ANDRÉA MELO - amazonense de nascença e rondoniense de vivência, é artista-pesquisadora do corpo na cena, possui experiência em ensino, criação e estudos do movimento a partir da dança. Investiga as possibilidades entre a dança e a performance. Participa como intérprete-criadora do Coletivo Gaia e, entre alguns trabalhos, Redoma (2021) e Canto Quieto (2020). Como artista independente participou do Mercado Performance-Arte PVH, Sonora Festival PVH, ações do Fórum Performance Arte Norte, FESTINAÇU e Cuia Contemporânea. Teve trabalhos apresentados em diversas Mostras e Festivais, entre as quais Festival Mova-se (Manaus/AM) e Festival Internacional de Dança (Belo Horizonte/BH).
Dentre os objetivos do projeto, pretendemos estender a discussão da educação e formação para além da Licenciatura em Artes Visuais, e alcançar também o público externo - sejam estes artistas, educadores, pesquisadores e a população de Porto Velho.
Outras possibilidades que se abrem é a reflexão sobre a produção e as instâncias locais das Artes Visuais, considerando sua pouca visibilidade dentro do estado de Rondônia, e a limitação proveniente da pouca distribuição de verba, escassez de editais e espaços de intervenção artística - galerias, museus, eventos culturais etc. - e a nova disseminação dos ambientes online, impulsionado pela pandemia do Covid-19.
É de nosso interesse também borrar as fronteiras entre a arte-educação e a produção artística e impulsionar a hibridização das figuras do educador-pesquisador-artista.
É importante esclarecer também que nem todos os convidados são ou estão inseridos num contexto portovelhense de produção ou educação artística; nos empenhamos ao máximo para dar espaço às vozes locais, no entanto, em função de sua considerável juventude na cidade, nem todas as possibilidades de discussão das Artes Visuais são facilmente acessadas por agentes locais.
Fonte: Espaço para Cri"ações" Poéticas