Publicado em: 17/06/2020 13:31:37
Última reunião do grupo antes do ensaio geral
Segunda-feira, 15/06/2020, entre 19:00 e 21:00 h, ocorreu a última reunião, antes do ensaio geral, do evento "19Distâncias", uma série de encontros on-line que tem por objetivo a investigação e o fomento de proposições de web-performances de artistas do Departamento de Artes da UNIR e do estado de Rondônia. Iniciado no dia 01 de junho, o evento será apresentado ao público geral na próxima sexta-feira, 19/06/2020, em uma sala a ser aberta pelo coordenador do evento, o prof. Dr. Luiz Lerro, no Google Meet. Conforme esse coordenador, "o 'bilhete eletrônico' estará disponível, no dia das web-performances, no site do DArtes e nas redes sociais Facebook e Instagram do 'Fórum Performance-arte Norte'".
O encontro de ontem contou com a participação da artista-professora-pesquisadora Dra. Ana Flávia Mendes, docente efetiva da Universidade Federal do Pará (Instituto de Ciências da Arte/ Escola de Teatro e Dança/ Programa de Pós-graduação em Artes). Em suma, a fala dessa professora foi na direção de traçar interfaces entre a performance, no sentido postulado por Renato Cohen na obra Performance como Linguagem, e sua pesquisa de doutorado, que teve como abordagem a Dança Imanente.
Sobre a obra Performance como Linguagem, de Cohen, Ana Flávia Mendes destacou os seguintes pontos:
- A performance enquanto linguagem que promove o hibridismo de diferentes linguagens artísticas, enfatizando a sua interface com as Artes Plásticas;
- O acontecimento ao vivo, no tempo presente;
- A aproximação entre arte e vida;
- As livres associações de ideias e de experimentações artísticas;
- A ritualização como ocorre, por exemplo, no Auto do Sírio, do Pará;
- O Happening, que provoca ruptura com as convenções artísticas.
Já no que tange a Dança Imanente, conceito prático-teórico desenvolvido durante sua pesquisa de doutorado ─ realizado na Universidade Federal da Bahia ─, Ana Flávia Mendes destacou a ideia de imanência como vida (Deleuze), aplicando-a à sua práxis no aqui agora do corpo que dança. Essa artista-professora-pesquisadora, que tem formação em Balé Clássico, disse que esse tipo de dança castrava sua liberdade de expressão e era uma “dança que não fluía”. Por esse motivo, durante seu doutoramento, buscava pesquisar dois princípios “estético-ético-políticos”: 1- todo corpo pode dançar; e 2- qualquer coisa pode ser dança. Nesse sentido, para montar o espetáculo Avesso, junto com a Companhia Moderna de Dança de Belém, realizou, como um pintor renascentista italiano (essa comparação é minha!), a dissecação artística do corpo, enfatizando a fisicalidade do dançarino a partir da sua relação bio-psico-social e do seu autoentendimento (educação somática). “ - Como eu via o corpo através das Artes Plásticas?” e “- Como eu me vejo como movimento?”, ela se perguntou.
A pesquisa de doutorado de Ana Flávia Mendes estava, segundo ela, pautada em três instâncias:
1- Corpo como imanência;
2- Dança como metalinguagem do corpo;
3- Processo de criação como visibilidade do corpo.
Para fechar sua fala, Ana Flávia Mendes propôs algumas interfaces entre a performance como linguagem e a Dança Imanente. São elas: presente; improvisação em dança como recurso (roteiro de ações); improvisação como recurso de criação; arte e vida; imanência; espetacularidade (tal como ocorre na etnocenologia); dança como metalinguagem do corpo; livre associação (pensar por imagem, pois a dança é um devir, ela preexiste); dança como ritual (o corpo que dança é uma divindade!); o atuante cênico é investigador de si mesmo; e rejeição, por ela, da ideia de personagem, haja vista o que ocorre, durante o processo de investigação e de apresentação, é a construção de um corpo cênico.
Após um breve período de perguntas e respostas acerca da temática da fala da professora da UFPA, ocorreu a apresentação da belíssima performance “Pés pelas mãos” do professor Luiz Lerro. O objetivo dessa apresentação era mais pedagógico, com o intuito de realizar um teste de exibição, ao vivo, dentro da plataforma Google Meet. Porém, a performance apresentada por esse professor constituiu-se ainda como uma potente aula-ensaio, na qual ele fez dialogar as artes visuais, a dança, a luz e a trilha sonora para colocar no espaço de jogo imagens de um corpo dilatado e presente, com corporeidade e gestualidade construída a partir de uma máscara facial.
Imagem 1: Representação da apresentação: foto de celular a partir de tela de ipad.
Fonte: Foto de Luciano Oliveira
Para finalizar este breve texto, informo que na próxima quinta-feira, 18/06/2020, haverá mais um encontro on-line do grupo. Desta vez para realizar um ensaio geral visando as apresentações do dia seguinte.
Texto: Luciano Oliveira
Fonte: Da chefia